O termo "especialização" traz implícito o enunciado: "Não basta saber as duas línguas para improvisar-se tradutor". Um profissional precisa dominar também os princípios da "tradutologia" ou da "ciência da tradução": modulação, transposição, entrecruzamento, ressegmentação, uso de deícticos etc. Munido desses conhecimentos, ele adquire resourcefulness ("jogo de cintura") e procede com pleno conhecimento de causa. Mas não é menos verdade que nada disso adianta se ele não tem a vocação do ofício, se ele não tem o hábito de ler, e de ler com atenção, num e noutro idioma. E cabe reconhecer a existência de uns poucos que fazem precisamente isto, nunca estudaram tradutologia, e ainda assim logram apresentar boas traduções aplicando intuitivamente esses recursos. Mas, mesmo sendo invariavelmente pessoas cultíssimas, nunca saberão fundamentar esses procedimentos. Dito isto, o único problema de que os leigos se dão conta, em âmbito, aliás, muito limitado, é o dos "falsos amigos".